"Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir.” Ana Jácomo

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maio 31, 2016

Clarice Lispector


"Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, 
desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore.
Seu coração não bateu no peito,
 o coração batia oco entre o estômago e os intestinos".


maio 26, 2016

Carlos Drummond de Andrade


 "O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar. 
O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. 
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar". 

maio 25, 2016

Paulo Coelho



Viver é estar sempre preparado para dizer adeus, 
diz um amigo meu, no aeroporto. 
Caminhamos de um lado para o outro, 
enquanto aguardo a hora do meu vôo.
Entretanto continua meu amigo,
 a Natureza é sábia.  
Cura a alma da mesma maneira com que cura o corpo.
Passamos por três estágios da doença  do adeus. 
 O primeiro é a negação: 
isto não é verdade!.
Depois vem o desespero, a revolta: 
era verdade!
Tal coisa nunca podia acontecer comigo!
Finalmente, 
vem a aceitação: 
Bem, era verdade, aconteceu, 
agora é preciso seguir adiante!
Se vivermos cada uma destas etapas,
sem vergonha, sem tentar cortar caminho 
a Natureza se encarregará de fechar a ferida. 
Mas ela precisa do mesmo ingrediente 
que é necessário para curar os males do corpo: 
tempo.

Clarissa Corrêa


"É que quando a gente abraça a vida 
sem medo da altura,
 sem medo da queda, 
sem medo de se quebrar,
 meu Deus do céu, 
tem outro sabor. 
Esqueci do medo de voar, 
deletei traumas passados. 
Olhei pro céu,
 estava pertinho das nuvens, 
de frente pra minha vida, 
quase tocando a liberdade. 
Eu estava me salvando."


maio 23, 2016

Caio Fernando Abreu


“É estranho quando as coisas simplesmente
 têm de terminar.
 É o estágio onde todos os sentimentos 
já evoluíram para um nada. 
É o nada que você optou para parar de sentir dor. 
No início você briga, chora, faz drama mexicano. 
Então percebe que é cansativo demais 
manter esse jeito de levar as coisas. 
Acostuma-se… 
Não que pare de doer,
 mas que cai no seu entendimento que às vezes
 perdemos algo e não há solução. 
No fim você coloca um sorriso no rosto 
e finge que é sincero, 
até que a vida o faça realmente ser. 
Talvez os amores eternos sejam amenos 
e os intensos, passageiros. 
É isso.”


maio 16, 2016

Do filme Mary e Max


“O motivo porque te perdoo é que você não é perfeita. 
Você é imperfeita igual a mim. 
Todos os seres humanos são imperfeitos,
 até mesmo o homem do lado de fora do apartamento que joga lixo na rua.
 Quando era jovem, eu queria ser outra pessoa,
 qualquer pessoa, menos eu.
 Dr.Bernard Hazelhof disse que se eu estivesse em uma ilha deserta 
eu teria que me acostumar comigo mesmo.
 Ele disse que eu teria que aceitar os meus defeitos e tudo mais,
 e que nós não escolhemos nossos defeitos. 
Eles são uma parte de nós e temos de viver com eles. 
Podemos no entanto escolher nossos amigos 
e estou feliz por ter escolhido você. 
A vida de todo mundo, são como calçadas muito longas. 
Algumas são bem pavimentadas, 
outras são como a minha, tem rachaduras, 
cascas de banana e guimbas de cigarro. 
Espero que um dia nossas calçadas se encontrem. 
Você é minha melhor amiga. 
Você é minha única amiga. 
Seu amigo de correspondência americano,
 Max Jerry Horowitz.”

P.S.:Recebi da Flor de Cristal

maio 15, 2016

"Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem 'Porquê?' Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo 'Por que não?" George Bernard Shaw


Pertencer - Clarice Lispector


Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou. 
Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça. 
Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus. 
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso. 
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro. 
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos. 
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa. 
Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida. 
No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança. 
Mas eu, eu não me perdôo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido. 
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho.

"Quando eu começo a gostar de você, você vai embora". De Repente é Amor


Sensíveis e delicados...














maio 09, 2016

Rubem Alves


" Eternidade é o tempo quando o longe fica perto. 
Não quero nem subir para os céus, nem progredir para frente. 
Quero mesmo é voltar para os lugares e os tempos que amei e perdi. 
A alma é o lugar da saudade". 

maio 05, 2016

"Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar” Rubem Alves



Clarice Lispector



...Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse a cada dele, e é.
Trata-se de um cavalo preto e lustoso que apesar de inteiramente selvagem
 - pois nunca morou antes em ninguém
nem jamais lhe puseram rédeas nem sela
 - apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo:
come às vezes na minha mão. 
Seu focinho é úmido e fresco.
Eu beijo o seu focinho.
quando eu morrer, 
o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito.
a menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo salvagem e suave.
Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome
ou não se acerta, mas, uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai.
se ele fareja e sente um corpo-casa é livre, ele trota sem ruídos e ai.
Aviso tambem que nao se deve temer seu relinchar:
a gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou de cólera,
a gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez.